A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que é um espectro de doenças que inclui a bronquite crônica e o enfisema pulmonar, pode acarretar inestimáveis agravos à saúde humana, altas taxas de morbimortalidade, vultoso consumo de recursos destinados à assistência ao paciente, além de grande e prolongado sofrimento pessoal e familiar. Apesar de ser prevenível, seu diagnóstico, em regra, é firmado tardiamente, reduzindo as possibilidades de tratamentos eficientes.
A DPOC possui como principal fator de risco o tabagismo. Quanto maior a carga tabágica (multiplicação do número de maços fumados por dia pelo número de anos de tabagismo) maior a chance de desenvolvimento da doença. Outros fatores, porém, também devem ser considerados quanto à sua precocidade de manifestações clínicas, intensidade e ritmo de progressão.
Ainda que participe em menor frequência, o perfil genético caracterizado pela deficiência de alfa-1-antitripsina (enzima produzida pelo fígado) também tem sido responsabilizado por formas mais precoces e graves da doença. Além disso, um outro fator predisponente à DPOC, corriqueiramente desconsiderado, refere-se ao nexo de causalidade existente entre a exposição à combustão de biomassa - matéria orgânica de origem vegetal ou animal produzida para gerar energia utilizada no cozimento de alimentos ou para aquecer o ambiente domiciliar.
Essa exposição em ambientes confinados é comum em residências situadas nas zonas rurais do Brasil e em alguns países da América do Sul, além de outras regiões com inverno rigoroso. Consequentemente, por conta de alguns hábitos e costumes, mulheres, crianças e adolescentes são as principais vítimas da exposição de poluentes decorrentes da queima de biomassa.
Texto elaborado por:
Dr Jorge Pereira
MÉDICO CRM BA 5927
Pneumologista RQE 1562
Presidente da Sociedade de Pneumologia da Bahia.