O pulmão é um órgão exposto ao meio ambiente, assim como são vulneráveis as fossas nasais, faringe, laringe, traquéia, brônquios, , alvéolos, interstício, bronquíolos, pleuras e todas essas estruturas podem ser envolvidas de modo isolados ou associadas, nas diversas patologias pulmonares, como podemos descrever abaixo.
A rinite envolve predominantemente jovens, com espirros, prurido, coriza, quase sempre desencadeados por fatores ambientais, embora não seja fatal, dificulta concentração, sono e qualidade de vida, acomete próximo de 30% da população, especialmente crianças ou adultos jovens.
Sinusites são mais graves com cefaléia, dor facial, secreção amarelada ,alguns casos febre, edema ocular. Os indivíduos imunosuprimidos podem desenvolver formas diversificadas, como exemplo nos diabéticos descompensados. Quando desenvolvem sinusopatias, com secreção enegrecida pelo nariz, deve sinalizar para murcomicose, que podem evoluir para formais potencialmente letais, rinocerebrais e ocasionalmente envolvimentos pulmonares. Faringe, laringe, traquéia, seus sintomas e sinais comuns são; dor local, hiperemia, placas purulentas, lembrando a tosse da laringite estridulosa, mais prevalentes em crianças, com quadro abrupto de obstrução das vias aéreas superiores, por edema não inflamatório da laringe e da região abaixo das cordas vocais, que leva ao surgimento de sintomas como tosse seca, conhecida como (tosse de cachorro), que piora á noite, rouquidão, dispnéia, apresentando sibilos são melhores audíveis ao nível da fúrcula external e são comuns no outono e inverno devido á gripes e resfriados. Entretanto, rouquidão prolongada, especialmente nos idosos fumantes, as neoplasias de laringe, devem ser lembradas. As bronquiolites virais, acometem crianças com potencial evolutivo incerto, sendo o vírus sincicial respiratório (VSR) o agente mais comum. Adultos podem ter bronquiolites, por infecções, e particularmente nas doenças tabacos relacionadas com evoluções incertas, dependendo do estágio da doença.
Bronquite é um tipo de inflamação dos brônquios, de causas diversificadas, podem ser virais ou bacterianas. As bronquites agudas, podem apresentar-se com tosse seca ou purulenta, chiado no peito, desconforto torácico, dificuldades respiratórias e febre. As crônicas se definem como apresentando episódios de tosse produtiva com duração de pelo menos 3 meses em dois anos consecutivos,(definição atualmente controversa). As causas mais comuns são: poluição ambiental, tabagismo, predisposição genética, exposição de substancias irritantes no ambiente de trabalho, devem ser sempre questionadas.
Ás pneumonias podem envolver, alvéolos, brônquios e interstícios, dependendo do agente etiológico ( virus, fungos ou bactérias). Classicamente se apresentam após infecções virais, com febre, tosse seca ou produtiva, dor torácica ventilatório dependente, quando ocorre envolvimento pleural. Ao exame clinico encontramos quase sempre crepitações e febre. Podem apresentar formas atípicas, especialmente nos idosos, com a presença de confusão mental, sonolência, queixa de quedas, dificuldades respiratória e ocasionalmente dores abdominais, quando envolve segmentos basais dos pulmões.
Predisposição genética, tempo de exposição, tipos dos agentes agressores, comorbidades, podem aumentar sensibilidade e agravamento de inúmeras patologias respiratórias. Essas são as razões, que uma história, exame clínico detalhado, fazem grande diferença no diagnóstico e aderência ao tratamento
As manifestações clínicas das enfermidades, especialmente pulmonares, dependem da quantidade e tempo de exposição aos agentes nocivos e respostas imunológicas do hospedeiro. Sinais de alerta clínico agudo tais como exemplo: exacerbações da asma, com agravamento da dispnéia, constrição torácica, tosse, chiado no peito, eventualmente insuficiência respiratória aguda, mesmo com medicações de prevenção e alivio, dependendo do nível de inflamação e intensidade do broncoespasmo em curso.
Agudização das doenças obstrutivas (DPOC e asma), agravamento da dispnéia, exacerbação da tosse, com aumento da expectoração e purulência, podem ter ás mais diversas etiologias; alérgica, infecciosas e não infecciosas, emocionais, abandono do tratamento ou até uso incorreto das medicações prescritas. Importante e de rotina os pacientes em cada nova revisão, devem levar seus dispositivos inalatórios, para eventuais correções do uso. Nos casos refratários, lembrar de possíveis erros diagnósticos ou doenças associadas. Lembramos sempre de refluxo gastresofágico, renites crônicas ou vasculites eosinofílicas, especialmente nos maiores de 40 anos, com neuropatias periféricas, além de transtorno de ansiedade/depressão, obesidade e apnéia obstrutiva do sono( SASO).
Hemoptise; sangramento através do escarro de origem pulmonar, normalmente apavora os pacientes, levando-os ao especialista, todas devem ser investigadas suas etiologias, especialmente a maciça, que chega a eliminar 600ml de sangue nas 24hs, colocando em risco a vida dos doentes. Podem ser de causa simples, como sangramento de vias aéreas superiores, ou mais complexas como as neoplasias broncogênicas avançadas ou tumores menos agressivos, como carcinóides, tuberculose, pneumonias, DPOC, bronquiectasias, e muitas outras causas.
Em casos de dispnéia intensa súbita, dependendo da idade e fatores de risco, devem ser lembrados o tromboembolismo pulmonar, pneumotórax, pneumomediatino, eventualmente derrames pleurais de instalações súbitas, parapneumônico, hemotórax traumático ou iatrogênico. Sem esquecer doenças cardiovasculares, cujas manifestações clínicas podem ser semelhantes .
Sintomas mais comuns nos ambulatórios, embora possam ser inespecíficos, como: tosse seca ou produtiva, dispnéia progressiva, dor torácica, com ou sem relação com movimentos respiratórios, podendo haver manifestações sistêmicas: como febre, sudorese noturna, anorexia, emagrecimento. Lembrando que nos fumantes, próximo dos 50 anos, dispnéia ao esforço costuma ser atribuídos a falta de preparo físico, ganho de peso e nunca ao inicio de uma grave doença chamada de DPOC.
DPOC ou * Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica*, costuma ser progressiva, persistente, obstrutiva , envolvendo bronquíolos, brônquios e alvéolos. conhecida no passado como bronquite ou enfisema, de acordo com a apresentação clínica predominante. Sabemos que além das queixas respiratórias, podem cursar com inúmeras multimorbidades, tais como doenças cardiovasculares ( principal causa de morte nesta patologia), disfunção musculoesquelética, síndrome metabólica, osteoporose, transtorno de ansiedade depressão e câncer de pulmão. Assim com estas formas de apresentação são muito heterogêneas, os sintomas podem ser variáveis, mas habitualmente são tosse, dispnéia progressiva, ou agudização de possíveis comorbidades.
Tromboembolismo Pulmonar: TEP são habitualmente coágulos de sangue provenientes dos membros inferiores, podendo obstruir vasos de grande, médio ou de pequeno calibre, podendo ser caracterizada, como trombose maciça, segmentar e subsegmentar. As manifestações clínicas dependem, das condições cardiorrespiratórias prévias, calibre dos vasos obstruídos, e suas repercussões hemodinâmicas, habitualmente se apresentam com: dispnéia súbita ou no esforço, dor ou desconforto torácico, que podem agravar- se com movimentos respiratórios, palpitações, taquipneia, tosse, hemoptise, hipotensão e choque.
Lembrando que indivíduos, com tromboembolismo de repetição, quase sempre secundário á trombose venosa profunda, podem apresentar TEP crônico, com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP), com sintomatologia inicial de dispnéia de esforço, podendo chegar ao cor pulmonale ( Insuficiência Ventricular Direita Aguda ou Crônica) de acordo com a evolução e gravidade da HAP.
Doenças Pulmonares Intersticias, são fundamentais os achados da história e exame clínico, habitualmente cursa com; tosse seca, dispnéia, crépitos, e sibilos ocasionais. Devem ser lembradas, pelo grande número de enfermidades que podem inflamar, e/ou deixar seqüelas fibroticas são ás (DPI) . Acometem preferencialmente os idosos fumantes ou ex-fumantes. Representando a DPI, lembro da Pneumonite de hipersensibilidade, que recentemente levou a vida do empresário Abílio Diniz. Trata-se de uma doença inflamatória e/ou fibrótica, que afeta parênquima pulmonar e pequenas vias áreas. Ocorrem pela exposição a antígenos conhecidos ou desconhecidos, através de reações imunomediadas, de acordo com a sensibilidade individual. Profissões de maior risco são: Criadores de passáros, mecânicos, limpadores de piscina e ar condicionado contaminado, fazendeiros,
Enfermidades pleurais: fisiologicamente, existe uma produção de líquido pleurais que são continuamente produzidos e absorvidos, 5 a 15ml aproximadamente, para lubrificar ás superfícies pleurais. Sempre que existem doenças, que quebram os mecanismo fisiológicos de produção e absorção, teremos como conseqüências derrames pleurais. Assim como á febre os derrames pleurais, são manifestações de inúmeras doenças, as manifestações clinicas, dependem da velocidade de acumulo do referido derrame, e suas características inflamatórias (exsudatos), ou não inflamatórias transudatos. Sua traduções clínicas podem ser, tosse seca, dor ou desconforto torácico, dispnéia e outras manifestações clínicas das suas doenças de base. Pneumotórax, seria acumulo de ar no espaço pleural, podendo ser grave, hipertensivo, com dispnéia súbita com mecanismo valvular, que se agrava com a respiração,e não hipertensivo cuja sintomatologia depende do grau de extensão do mesmo, nos pequenos pneumotórax, precisamos de estudo de imagem em inspiração e expiração forçada para melhores esclarecimentos diagnósticos. De modo geral sua manifestação clínicas são dores torácicas, ventilatórias dependentes, podendo ocorrer derrames pleurais, como conseqüências de ruptura de vasos (Hemotórax), febres transitórias e eventualmente Insuficiência Respiratória Aguda (IRA)
Atualmente a população jovem, vivem uma pandemia de cigarros eletrônicos, que podem ocasionar doenças semelhantes ao cigarros tradicionais, mas numa idade mas precoce, e já vem sendo descrito há alguns anos a doença de Evali, que podem ocasionar um injúria pulmonar grave,com inflamação e fibrose, levando a vida de jovens,deixando seqüelas e muitos necessitam de transplante pulmonar. A injúria Pulmonar Aguda, apresentam clínicas heterogêneas de acordo com o subtipo da enfermidade. Sinais e sintomas freqüentes, são dispnéia, tosse, crepitos, roncos o/u sibilos. Diagnóstico: História Clínica, estudo por imagem, broncoscopia, com biópsia transbrônquica, crio biópsia ou biopsia cirúrgica.
Atenção Especiais
1- influenza mata 500 mil pessoas em média no mundo, quebrando as barreiras de proteção para pneumonias e outras doenças alérgicas, as maiores vítimas são crianças com sistema imunológico em formação e especialmente os idosos com sistema imunológico em declínio, além de possíveis comorbidades. Lembrando crianças, adultos e idosos, podem apresentar formas atípicas da pneumonia, com distensão abdominal predominante nas crianças e confusão mental, letargia, queda, aumento da freqüência respiratória nos idosos.
2- Assim gripe com febre alta, prostração, dificuldade para respirar ou dor torácica, procure especialista para melhor esclarecimento diagnóstico e tratamento.
3- cuidado com a famosa gripe mal curada, pode ser indícios de muitas doenças, como alérgicas, ou até mesmo tuberculose ou neoplasias, procure um posto médico, para melhor definição diagnóstica.
4- quem apresentar tosse por mais de 14 dias, deve procurar o médico para diagnóstico e tratamento precoce, evitando a possível disseminação da doença.
5- A pleurodinia epidêmina é uma doença febril, causado mais freqüentemente pelo virus Coxsackie do grupo B, predominantemente em crianças. A infecção produz intensa dor torácica pleurítica ou abdominal, A pleurodinia epidêmica, são autolimitada, pode recidivar, alivio com analgésico, diagnóstico clínico, apenas CPK ( creatinofosfoquinase) sérica, costuma aumentar por causa da necrose muscular e estudo por imagem, que podem eventualmente ajudar, especialmente no diagnóstico diferencial.
6- Tuberculose pulmonar e extra pulmonar, devem ser sempre lembradas pela sua alta prevalência no Brasil e todos países em desenvolvimento, tem formas de apresentação diversificas desde o assintomático, ao clássico, tosse seca, purulenta ou hemoptise, febre no final da tarde, sudorese noturna, anorexia, emagrecimento. e dor ou desconforto torácico. Temos recomendações da SBPT, quem tosse mais de duas semanas, devem ser investigados para tuberculose de modo simples, com estudo do escarro e imagens do tórax, gratuito em todos postos de saúde.
5- evite automedicações ou a orientação de vizinhos, o tratamento das doenças são individualizados. Assim não se deve mascarar doenças com paliativos, evitando riscos para sua saúde.
Guilhardo Fontes Ribeiro